O filho de mil homens, de Valter Hugo Mãe - Resenha

 

 


    

    Hoje irei falar sobre um dos queridinhos do autor Valter Hugo Mãe, que foi uma leitura sugerida pelos coordenadores do PIBID-letras/português-2020.

    A história começa falando sobre o personagem Crisóstomo, um pescador de 40 anos que tem um grande sonho de ser pai, então ele decide que quer adotar uma criança para poder realizar-se, a partir daí ele encontra o Camilo, um rapaz de 14 anos, órfão, os dois passam a construir um forte laço de pai e filho. 

    A narrativa conta várias outras histórias, de outros personagens com passagens que retrata o preconceito e a homofobia.

    No início da leitura, confesso que achei que seria em conto, por causa da mudança de personagem no segundo capítulo, senti até falta do pescador, mas após um tempo lendo percebi que não seria assim. A forma como a obra foi construída traz um ar poético, o que torna a leitura ainda mais profunda, a repetição de algumas frases para dar mais ênfase e para fazer com que nós reflitamos sobre aquilo é algo que me chamou bastante atenção também, porque realmente nos atrai.

    Eu estava tentando entender o porquê do título da obra, como assim “O filho de mil homens”? Mas mais para frente minha dúvida foi respondida e eu fiquei muito feliz e foi de uma resposta maravilhosa, vejamos: “Todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.”, ou seja, nossa família é nossa escolha, são as pessoas que passam por nossas vidas, que nos acrescentam e que nos ensinam é quem são nossas famílias e que fazem parte de nós, não só as que possuem laços sanguíneos. 

    Outra coisa que é desconstruída é o conceito da composição familiar que tradicionalmente baseia-se entre homem, mulher e filhos, esse pequeno trecho está para provar que, a família pode ser composta por um homem, uma mulher e filhos, mas também por uma mulher e sua cadela ou um casal que não quer filhos ou então um casal homo- afetivo. Também significa que a solidão é nossa escolha, que estamos solitários porque escolhemos.

    Esta foi a primeira obra que li do autor, vou confessar que me surpreendi, eu estava um pouco confusa no começo, mas no decorrer da leitura tudo foi se encaixando e fazendo sentido, embora eu com certeza lerei novamente para ter outra visão ou visões novas.

Comentários

  1. Incrível a sua interpretação sobre os assuntos abordados no livro! Assim como você, também me senti confusa no começo mas depois tudo vai fazendo sentido e o livro passa uma mensagem importante, vale a pena a leitura!

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